sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Cotidiano Maluco


Já são quatro horas, quase na hora dele sair do trabalho. Aquela expectativa de final de tarde já começa a planar sobre seus pensamentos. De repente ele lembra que o carro morreu de manhã. "Droga" ele grita em sua mente, porque no trabalho é proibido usar um volume maior que dez decibéis. Então ele liga para a mulher e pede que ela venha buscá-lo na porta do trabalho com o novo Uno da família. Eles combinam mais ou menos quatro e quinze na porta do prédio onde ele trabalha para que não haja enganos.

Quando o expediente termina, ele sai feito uma bala de canhão do seviço. "Maldito setor, por que tinha de ficar no décimo segundo andar?" ele pensa, já impaciente com a demora do elevador. A ponto de explodir, ele resolve então descer as escadas. Ainda bem que fora o único a ter essa ideia. Quando finalmente chega ao hall de entrada, ofegante e suado, o porteiro levanta uma sobrancelha em sinal de desconfiança e volta a ler a sua Conta Mais da semana. Ignorando os outros funcionários marchando em direção à porta, o homem sai empurrando todos. Apesar das muitas caras feias e dos grunhidos estranhos, ele não se importa nem um pouco e continua a atravessar a multidão.

São quatro e quinze em ponto e como combinado, o Uno está a lhe esperar na porta do serviço. Como o prédio fica em uma avenida muito movimentada, o homem não podia demorar muito. Em um gesto de desespero ele abre a porta e entra sem nem ao menos olhar para a mulher, pois haviam vários carros fazendo uma cacofonia logo atrás deles.

Como sempre, o casal não trocou muitas palavras, apenas conversas sobre como o tempo anda ruim. Encerrado o assunto, a mulher resolve ligar o rádio. Estranho... Eles nunca compraram um rádio para o carro. O marido nem ao menos se importa, ainda está com a cabeça nos processos do trabalho. Começa a tocar Knocking On Heaven's Door do Gun's, e ele, fã incondicional da banda, cai em sono profundo.

Assim que o carro passa pela entrada da garagem, o homem abre os olhos e se espreguiça no banco do carona. Poxa, ele tivera um dia duro de trabalho. A mulher manobra o carro e finalmente estaciona. Os dois abrem a porta do carro e seguem, sem prestar muita atenção ao seu redor, em direção ao elevador.

Depois de quatro andares, eles chegam no apartamento. O homem então nota que o cabelo de sua mulher está mais loiro e curto. "Ficou bonito" ele pensa, cheio de segundas e terceiras intenções. Logo que a moça abre a porta do apartamento, ela se vira de frente e só então percebe que aquele homem que esteve o tempo todo no carro com ela não é seu marido. Ela nunca tinha visto aquele homem na vida. Tanto ele como ela não parecem se importar com a situação pois logo entram no apartamento. Ele dá uma breve olhada no apartamento, ela dá de ombros e os dois seguem para seus respectivos quartos.


*texto inspirado no meu amigo, que hoje me fez rir até quando entrou em um carro por engano. =)

3 comentários:

  1. ASDHIAUSHDIAUHDUAIDHIUAH'
    entrar num carro por engano ? é, eu acho que eu nunca cheguei a esse ponto não !
    por acaso esse amigo é o Lúcio ? '-'
    - foto psicodélica, fiquei tonta -

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  2. atenção é o que falta nessa gente '-'

    bem, se o estranho (?) fosse bonito, nem me importaria de dar carona ._.
    (hi hi)

    beijas :*

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  3. será mesmo que a saudade é um medidor de carinho e atenção que nós temos pela pessoa ?
    sabe, eu tava falando isso pro Uriel hoje . será mesmo que só porque nós sentimos saudade de uma pessoa quer dizer que nós dávamos a devida atenção e carinho a ela ?
    sentir saudade é sentir vontade de ter ela ao nosso lado de volta .
    mas, se nós não cuidávamos, se nós não valorizássemos, então nós não merecemos de volta . ou merecemos ?
    eu sinto que não mereço . porque eu já tive a chance de ter ela ao meu lado, e não soube dar a devida atenção e o devido carinho . então por qual motivo eu mereceria ela de volta ?
    não há motivos .

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