Marcas que não podem ser vistas

Há tempos que eu quero fazer uma tatuagem. Sempre achei legal, mas eu não havia achado um motivo forte o suficiente pra me fazer marcar o corpo para sempre. Dois anos atrás, eu li um livro chamado "Estrelas Tortas" do Walcyr Carrasco, que contava a história da menina mais perfeita que se pode imaginar. Me lembro bem, Marcela era o nome dela,uma garota alta, bonita, atleta, mas um dia acabou sofrendo um acidente e passou a andar de cadeira de rodas. Como todo bom livro, deixou uma lição de moral ao leitor, que no caso era especificamente o último trecho do livro:
"Quando as estrelas entraram pela janela, foi nisto que pensei.
Que a gente é como um pedaço da noite.
De longe, estrelas perfeitas.
De perto, estrelas tortas."
Esse trecho mexeu muito comigo, me ajudou a lembrar que ninguém é perfeito o tempo todo. Então decidi tatuar uma estrela meio torta no meu pulso direito.

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Meu avô sempre foi um exemplo pra mim. Sempre me contou histórias sobre as aventuras dele quando menino no sertão de Minas, servia de conforto quando eu mais percisava e me deu lições sobre o que é a vida. Quando ele morreu em 2007, eu não fui avisada, por isso a dor foi ainda maior. Mas quem mais sofreu foi a minha mãe, que conviveu a vida inteira com ele. Minha mãe é outra pessoa, que junto com meu pai sempre me apoia em tudo. Por isso resolvi acrescentrar mais três estrelas menores a minha estrela torta no pulso. Sim, eu farei uma tatuagem, mas não será em vão. Tem uma história por trás, que será representada através do desenho no meu pulso. Terei uma marca no pulso e uma outra que não pode ser vista, que está dentro de mim: o amor.